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18 abr 2024

Aprenda a quebrar regras

Já pensou se você resolvesse seguir ao pé da letra tudo o que os professores de administração de empresas ensinam na faculdade? Teria grandes chances de dar com os burros nágua e de ser mais um empreendedor a ter histórias mal-sucedidas para contar.
E antes que me linchem pela blasfêmia quero esclarecer que não tenho nada contra os conceitos pregados pelos papas da administração de empresas, afinal, sem eles, o mundo corporativo talvez se tornasse um caos. O problema reside no fato de se transformar em dogmas regras que precisam ser adaptadas e até desprezadas de acordo com as circunstâncias.
Com as regras da comunicação ocorre o mesmo. Aparece alguém com prestígio no assunto, sugere uma conduta e em pouco tempo tem gente adotando a cartilha como se fosse uma oração. Lógico que as regras de comunicação ajudam, eu mesmo já escrevi doze livros e estou há décadas repassando-as a milhares e milhares de alunos. Mas, tão importante quanto seguir as regras para se tornar um comunicador bem-sucedido é ter a lucidez de saber o momento certo para quebrá-las e ser mais bem-sucedido ainda. Por isso, decidi falar sobre essa que considero a mais importante de todas as regras da boa comunicação – a arte de quebrar regras.
Você tem não apenas o direito, mas também, e principalmente, a obrigação de questionar e refletir sobre cada uma das regras que aprendeu sobre comunicação. E por mais estranho que possa parecer, se chegar à conclusão de que a partir da sua característica e do seu estilo seria mais interessante atropelar esses “princípios” cristalizados para o comportamento do orador, com maiores possibilidades de se sair bem, vá em frente. Você será sempre o responsável pelo sucesso e pelo fracasso de suas apresentações. Assim, é melhor agir de acordo com suas próprias decisões a se submeter ao que outras pessoas imaginam ser mais indicado.
Quebrar regras, entretanto, não significa ser irresponsável e começar a fazer tudo o que lhe der na telha. Lembre-se de que se o caminho escolhido não der resultado você é quem arcará com as conseqüências.
Só como exemplo, vou comentar sobre uma regra que há muito tempo se alojou no livro de cabeceira de alguns oradores, e que está relacionada ao uso de recursos audiovisuais. Desde a época do retroprojetor as pessoas aprenderam uma regra que ultrapassou a chegada dos projetores multimídia e reina soberana até hoje. Quando uma empresa me contrata para orientar seus executivos e quer ênfase especial na utilização dos recursos audiovisuais, quase sem exceção, o responsável pelo evento me diz para ensinar aos cabeças-duras dos diretores e gerentes que não devem passar na frente do aparelho de projeção quando estiverem falando. Se eu perguntasse a ele por que, ou dissesse que essa observação não seria tão relevante, poderia ser barrado antes mesmo de começar o trabalho. Por isso, como resposta, olho com aquela cara de cumplicidade, como se dissesse, deixa comigo que vou botar essa turma na linha. Durante o treinamento explico que não há nada de errado em passar na frente do aparelho de projeção de vez em quando. Ao contrário, pode até ser uma atitude útil para quebrar o foco de atenção dos ouvintes que com o tempo vai ficando viciado. Mas, para não trair a confiança de quem me contratou e ser coerente com meu papel de educador, complemento dizendo que muitas pessoas aprenderam que passar na frente do aparelho de projeção é uma falta grave, por isso, mesmo não se constituindo em erro, é melhor evitar essa atitude, pois poderiam ser criticados.
Minha sugestão é para que você siga as regras, pois elas ajudam e dão segurança, mas sinta-se livre para, de vez em quando, falar com as mãos nos bolsos, sentar na mesa, dizer uns palavrões, desde que essas atitudes contribuam para o sucesso das suas apresentações.

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