< Página Anterior

03 jul 2018

Faça do vocativo uma das suas marcas na oratória política

Tudo precisa ser aproveitado – e muito bem aproveitado, por isso
não faça nada ao acaso quando se trata da conquista do voto do eleitor.
Você já tem o seu vocativo? Você já decidiu como é que vai cumprimentar os eleitores no início dos pequenos e dos grandes comícios?
A maneira como cumprimentar o público no início das apresentações poderá se transformar numa poderosa marca de identificação para ajudar na projeção da sua imagem. Quando as pessoas se acostumarem com o seu cumprimento sempre que ouvirem seus discursos saberão que é você que está falando e passarão a criar uma identidade com a sua imagem.

Para que possamos entender melhor a força do vocativo podemos compará-lo com algumas frases usadas por humoristas da televisão que caem no gosto das pessoas, que passam a assistir aos programas às vezes só para ouvirem a frase, como por exemplo: “Oh coitado!” da personagem Filó, interpretada pela Gorete Milagres e “Mas o salário ó” do Professor Raimundo, interpretado pelo Chico Anísio.

Na história da política brasileira tivemos vocativos que produziram imagens tão fortes que se perpetuaram.
Um dos mais famosos pertence a Getúlio Vargas, que mudava apenas o nome da cidade ou do estado onde se apresentava e cumprimentava as pessoas sempre da mesma maneira: Povo da Paraíba! Trabalhadores do Brasil!; Povo de São Paulo! Trabalhadores do Brasil!

Pouco depois tivemos Adhemar de Barros que cumprimentava as pessoas usando a expressão “patrícios”, e que se transformou numa importante marca nas suas apresentações.
Mais recentemente dois presidentes da república usaram vocativos que ajudaram a marcar suas apresentações – José Sarney e Fernando Collor de Melo.
José Sarney iniciava sempre com Brasileiras e brasileiros. Foi uma atitude criativa e muito apropriada, pois é evidente que, se ele dissesse apenas “brasileiros”, as “brasileiras” também já estariam naturalmente incluídas, mas o fato de mencioná-las de forma expressa indicava que as mulheres eram importantes no seu governo, e demonstrava de maneira clara essa intenção ao destacá-las nos seus cumprimentos, ao iniciar os discursos.
Fernando Collor, por sua vez, iniciava as suas apresentações com um vocativo que também o identificou – “Minha gente”.

Esses são alguns exemplos de políticos que se projetaram pela maneira de se expressar e fizeram do vocativo um ponto de identificação com as pessoas. Reflita bastante e troque idéias com seus assessores para encontrar o seu vocativo e passe a cumprimentar as pessoas sempre da mesma maneira. Cuidado, porque depois de algum tempo você poderá começar a ficar constrangido por usar sempre o mesmo vocativo – resista e continue como se o usasse pela primeira vez.

Observe também que em cidades pequenas não ficaria bem usar expressões como “brasileiros”, “trabalhadores deste país”, etc. – procure sempre um cumprimento apropriado para a localidade.
Se você usou um vocativo marcante no passado e a sua imagem de político, por intrigas, injustiças, ou não, ficou muito desgastada e você está trabalhando duro para recuperá-la, mude com urgência a maneira de cumprimentar as pessoas, pois o velho vocativo sempre poderá associar a sua imagem com a daquele político que você representou e agora quer esquecer.

O vocativo faz parte da introdução da fala, que é o momento em que devemos nos dedicar para conquistar os ouvintes. Segundo Cícero – “É a oração que serve para motivar o ânimo do ouvinte a receber bem o restante da fala”.
O vocativo fazendo parte da introdução e esta tendo o objetivo de conquistar os ouvintes, precisa ir mesmo nesta direção. Por isso ao cumprimentar faça-o como se estivesse diante de um amigo muito querido, com o mesmo carinho, a mesma atenção e o mesmo entusiasmo. Não cumprimente como se fosse apenas uma formalidade, como se fosse uma obrigação. Assim estará transformando sua platéia num grupo de amigos e as pessoas terão mais interesse em ouvi-lo. Verifique também como é que os adversários estão cumprimentando as pessoas para não repetir a fórmula e não cair no lugar comum.

Escolha bem o vocativo. Ele é o primeiro passo no seu discurso e pode ser um dos primeiros na sua campanha, que espero seja vitoriosa.

Reinaldo Polito
nº 5

Esses e outros conceitos são desenvolvidos no curso de expressão verbal ministrado pelo Professor Reinaldo Polito.
Escolha o mais apropriado para você – Cursos
“Terminantemente proibida a reprodução sem autorização expressa do autor”

Deixe um comentário

AULA DE APRESENTAÇÃO GRATUITA